“12 Milhas” registra melhora da pesca com a proibição do arrasto
O Vice-prefeito de São José do Norte, Neromar Guimarães, juntamente com o secretário de Agricultura e Pesca, Josué Machado, estiveram presentes na última quinta-feira (30), em Imbé, para o lançamento do documentário “12 Milhas – Uma Luta Contra a Pesca de Arrasto” realizado pela Oceana.
12 Milhas
Os peixes voltaram para as redes dos pescadores e pescadoras do Rio Grande do Sul. Depois de quatro anos da proibição da pesca de arrasto na costa gaúcha (pela lei estadual 15.223/2018), a diversidade de espécies vistas impressiona a comunidade pesqueira. Cientistas já haviam projetado esse aumento quando a legislação ainda estava em discussão, e os relatos dos pescadores indicam que algo de bom ocorreu. Antes não era assim. Desde as décadas de 1980 e 1990, a pesca predatória de arrasto varreu os cardumes desse litoral e a sobrevivência de pescadores artesanais e industriais do Rio Grande do Sul estava ameaçada. “Os barcos arrastavam, e a beira de praia era um tapete de peixes mortos do descarte que faziam”, conta Waldomiro Hofman, pescador de Capão da Canoa.
“Tirar a pesca de arrasto das 12 milhas do Rio Grande do Sul da forma como foi feito, com a luta dos pescadores e pescadoras artesanais e industriais na construção de uma lei, abraçada pelo poder legislativo local, constrói uma narrativa que emociona. O documentário é um convite para acompanhar essa saga vitoriosa, que traz histórias sobre uma atividade ancestral que é desconhecida da maioria dos brasileiros”, aponta o diretor científico da Oceana, o oceanógrafo Martin Dias.
Maratona gaúcha
Com 22 dias de filmagem, 2.000 quilômetros percorridos em locações em nove municípios (Capão da Canoa, Imbé, Palmares do Sul, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, São José do Norte, São Lourenço do Sul, Tramandaí e Torres) e 200 horas de gravação, “12 Milhas” tem direção e roteiro de Luiz Petry (com longa trajetória pela TV Globo), fotografia, edição e montagem de Guilherme Azevedo (da Avexi Filmes) e narração da jornalista Julieta Amaral (que teve passagem pela TV RBS). O diretor científico da Oceana, Martin Dias, e a analista de campanha Míriam Bozzetto acompanharam todo o processo, da criação à pesquisa.
“Conhecer de Norte a Sul as práticas pesqueiras foi gratificante. E o melhor foi acompanhar que todos estavam certos, quando começamos a receber vídeos com redes lotadas de pescado provando que o afastamento do arrasto era necessário”, observa Julieta Amaral.
Uma das sequências mais importantes de “12 Milhas” mostra o risco que a lei estadual 15.223/2018 corre, com sucessivas tentativas de derrubá-la judicialmente. A união entre pescadores, comunidade científica, organizações da sociedade civil e políticos locais e federais em torno da defesa da legislação tem garantido, até o momento, que a pesca de arrasto permaneça afastada para fora das 12 milhas náuticas do Rio Grande do Sul. Antes, esse limite era de 3 milhas, com barcos industriais praticamente encalhando na costa Gaúcha. Neste momento, a constitucionalidade da Lei está em debate no Superior Tribunal Federal (STF). “Gosto, especialmente, dessa parte final do filme que revela o impacto das decisões tomadas em Brasília, a imponente capital, na vida de muitas comunidades pesqueiras que o Brasil nem sabe que existem. Torço muito para que o Supremo Tribunal Federal decida manter a proibição da pesca de arrasto nas 12 milhas do litoral gaúcho. Os pescadores e as pescadoras artesanais merecem isso”, destaca Luiz Petry.
Experientes na criação de documentários e séries, Luiz Petry e Guilherme Azevedo conceberam “12 Milhas” com a ideia de iluminar esse universo da pesca artesanal para o grande público. “A sociedade não tem ideia do que é a pesca artesanal. São pessoas que vivem dela desde a infância. Levam comida para a casa, sustentam a família e abastece o consumo brasileiro. É uma questão política ter esse olhar de atenção para que o arrasto seja banido em todo o país”, avalia Guilherme.
Serviço
“12 Milhas – Uma Luta Contra a Pesca de Arrasto”
(Documentário, 24 minutos, Brasil, 2022). Realização: Oceana. Produção: Avexi. Argumento: Ademilson Zamboni. Direção e roteiro: Luiz Petry. Direção de fotografia: Guilherme Azevedo. Narração: Julieta Amaral. Trilha Sonora Original: Paula Leal. Sinopse. O documentário mostra o retorno de diversas espécies de peixes ao litoral gaúcho depois de quatro anos de proibição da lei do arrasto a partir de depoimentos de pescadores e pescadoras artesanais, cientistas, ambientalistas e políticos. Além de destacar o antes e depois, aponta os riscos que a legislação corre com a tentativa de derrubá-la em âmbito judicial.