A grande variedade de produtos alimentícios industrializados prontos para o consumo, aliada à falta de tempo relacionada à rotina corrida das famílias, fez com que o consumo desses produtos se tornasse a base da alimentação das crianças, desde a introdução alimentar.
O fato é que os produtos prontos para consumo, mais consumidos entre o público infantil, são adicionados de diversos ingredientes que trazem prejuízos a saúde: conservantes, estabilizantes, corantes, realçadores de sabor, açúcares e gorduras ruins. São normalmente ricos em calorias e pobres em nutrientes.
Os componentes alimentares presentes nos produtos industrializados (processados e ultraprocessados: quem vem prontos, embalados em latas e pacotes) podem desencadear alergias e intolerâncias alimentares. Isso se dá porque quando eles chegam até o intestino causam desequilíbrio da mucosa, irritando-a, causando alergias e permitindo a entrada de agentes patogênicos para a corrente sanguínea, dentre outros problemas que podem ser percebidos em diversas partes do corpo (no próprio intestino como constipação ou diarreia, e até na pele como inchaço e sinais de alergias).
Como esses produtos são pobres em nutrientes e cheios de calorias, as crianças ganham peso, porém não estão nutridas. Quando o paladar das mesmas é habituado desde a introdução alimentar ao consumo de alimentos ricos em açúcares e gorduras, mais elas vão consumí-los e gostar de produtos a base desses macronutrientes. Assim, mais peso irão ganhar, favorecendo a obesidade desde a infância.
No que tange à imunidade e resistência ao surgimento de doenças, essas crianças que tem a alimentação baseada em produtos industrializados tendem a ser mais suscetíveis ao adoecimento, já que não estão nutrindo adequadamente o corpo. Além disso, há risco do desenvolvimento das doenças crônicas mais precocemente, como: hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia (colesterol e triglicerídeos altos), e até problemas cardiovasculares.
A prevenção da obesidade na infância deve ocorrer desde a gestação, onde os hábitos alimentares da família devem ser reeducados para hábitos mais saudáveis, fazendo dos alimentos preparados em casa e os in natura a base da alimentação familiar. Além disso, o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade é fundamental, e complementado até os dois anos de idade ou mais.
A introdução alimentar aos seis meses deve ser muito bem direcionada, para que a formação do paladar da criança seja educado para o consumo de frutas e vegetais em sua variedade, os cereais e grãos integrais, as carnes frescas e água. Todos os alimentos preparados com pouco sal e somente com temperos naturais.
Os sucos e alimentos adoçados artificialmente não devem ser introduzidos antes dos dois anos de idade, pois até essa idade a criança estará formando o seu paladar e suas preferências, e essa formação terá reflexos nas suas escolhas e hábitos alimentares futuros.
A partir dos dois anos de idade a criança pode ter contato esporadicamente com alimentos adoçados, e até mesmo os industrializados, porém que a base da alimentação sejam os lanches e refeições naturais feitas em casa livres de adição de açúcares.
O compromisso com a alimentação infantil é a certeza de uma infância mais saudável e o controle futuro do desenvolvimento da obesidade e de doenças crônicas.