Mulher Negra: Direitos e igualdades é o tema do Novembro Afro deste ano. A abertura oficial, em São José do Norte, será na terça-feira (19). Neste contexto, segue o mês inteiro com uma programação recheada de atividades que evidenciam a influência da matriz africana em nossos costumes e trata de diversas mulheres negras de expressão na história afro-brasileira, direitos e conquistas. O Novembro Afro também marca as comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, que transcorre em 20 de novembro.
Esta é uma oportunidade para conhecer a história e trocar experiências. Confira a programação e participe:
Data Hora/Local Atividade
19/11 19h - Abertura Oficial
Biblioteca - Sarau (realização a cargo dos alunos da E.E.E.M.
Delfina da Cunha Silvério da Costa Novo)
- Roda de conversa com Mulheres Negras e Quilombolas -Mediadora
Dr.ª Daiane Molet
20/11 18h30min - Roda de Tambores e Alabês
Largo da Matriz -Teatro Filhos da História
- Grupo Afro Religioso Escudeiros de Ogum
- Grupo Unidos pelo Sagrado
- Exposição de trabalhos escolares dos alunos da rede
municipal e estadual de ensino
- Ação de Beleza
- Roda de samba
21/11 13h -Fórum Afro
Palestras 1: Racismo Institucional- Djeniffer Rodrigues
Coradini, responsável pela coordenação
regional de políticas de equidade em saúde.
Momento Cultural: Danças Circulares e Projeto Rede
Palestra 2- Personalidades Negras- Gisele Machado
22/11 18h - Desfile com o grupo Quebrar dos grilhões
Largo da Matriz - Teatro Quicumbi (cidade de Mostardas)
29/11 14h-Largo da Matriz - Contação de história da Fada Pretinha
18h – Biblioteca -Oficina Abayomis
O Novembro Afro é uma realização do Executivo Municipal, através da Secretaria de Educação e Cultura (Smec) e apoiadores. O objetivo é promover a troca de informações e trabalhar a influência da matriz africana nos costumes.
O Dia Nacional da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro e foi criado em 2003. O objetivo é promover à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
Conheça algumas mulheres negras que marcaram ainda mais a história:
Maria Firmina dos Reis
Considerada a primeira romancista brasileira, Maria Firmina dos Reis nasceu em São Luís, no Maranhão, filha de pai negro e mãe branca. Devido à condição do pai, em plena época da escravatura, a menina foi registrada com nome de um pai ilegítimo e cresceu na casa de uma tia, da família da mãe, o que lhe permitiu ter alguma educação. Com 22 anos de idade, foi aprovada em um concurso para ser professora na cidade. E então, já assumia uma posição antiescravagista. Seu primeiro livro, Úrsula, foi lançado doze anos depois, quando Maria já gozava de algum prestígio como professora. Foi o primeiro romance publicado por uma mulher no país, e também o primeiro antiescravagista. Chegou a publicar mais contos e um livro de poemas e fundar uma escola mista e gratuita para atender aos pobres da região (escândalo na época), mas com o tempo foi esquecida, e depois recuperada pela pesquisa de um historiador paraibano na década de 1960.
Tereza de Benguela
Foi à rainha do Quilombo de Quariterê, no Mato Grosso. Após a morte do companheiro, liderou a luta do quilombo contra os soldados portugueses. Sua grande inovação foi a instituição de um Parlamento no quilombo onde se discutiam as normas que regulavam o funcionamento do lugar. Após ter tido seu exército derrotado, Tereza de Benguela foi morta e decapitada com a cabeça exposta em praça pública. Desta maneira, o governo pretendia o castigo servisse de exemplo para que ninguém voltasse a desafiá-lo. Dia 25 de julho, data de sua morte, é celebrado o Dia da Mulher Negra no Brasil.
Antonieta de Barros
Jornalista, fundadora e diretora do jornal “A Semana”, foi a primeira mulher negra eleita deputada federal no Brasil. Nasceu em 1901 e enfrentou inúmeras dificuldades para conquistar espaços que na época não eram ocupados por mulheres, encontrou mais dificuldades ainda por ser negra. Começou a trabalhar como jornalista em 1920, também foi educadora, além de fundadora do Curso Antonieta de Barros, o qual dirigiu até 1952, ano de sua morte.
Carolina Maria de Jesus
Autora do best seller “Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada” em 1960, morou a maior parte de sua vida na favela do Canindé, em São Paulo. Sua obra, assim que lançada, vendeu 10 mil cópias em cerca de uma semana, foi traduzida em mais de duas dezenas de línguas e vendida em mais de 40 países. O livro traz em forma de poesia a realidade da vida de Carolina, e apesar de sua obra ser reconhecida mundialmente, muitos brasileiros desconhecem. Antes de se tornar uma notória escritora, trabalhou como catadora de lixo para criar sozinha seus três filhos.
Lélia Gonzalez
Lélia dedicou sua vida à luta das mulheres negras no Brasil e é considerada atualmente um dos grandes nomes do movimento negro no país. Graduada em história e filosofia, lecionou na rede pública de ensino e deu aula de Antropologia e Cultura Popular Brasileira na PUC-RJ. Lélia fez parte do Instituto de Pesquisa das culturas negras (IPCN-RJ), do Movimento Negro Unificado (MNU) e do Nzinga Coletivo de Mulheres Negras. É autora das obras Festas populares no Brasil, premiado na feira de Frankfurt, e Lugar de negro. Criou o conceito de Amefricanidade, que trata da questão fundante da América e do Caribe a partir da África.
Dandara dos Palmares
Muitos sabem quem foi Zumbi dos Palmares, mas poucas pessoas conhecem Dandara, grande lutadora pela libertação das negras e negros. Foi esposa de Zumbi e teve três filhos com ele. Capoeirista, enfrentou batalhas ao lado de homens e mulheres. Não há registros do local de seu nascimento, por isso não se sabe se nasceu no Brasil ou na África.
Sueli Carneiro
Doutora em filosofia pela USP,foi a única negra no curso de graduação da Universidade, na década de 1970. Atualmente, Sueli é uma das mais importantes pesquisadoras sobre feminismo negro do país. Seu nome e história foram relacionados à formulação da política de cotas e à lei antirracismo. Fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, uma das maiores organizações políticas de mulheres negras contra o racismo e sexismo, além disso fornece assistência jurídica gratuita a vítimas de discriminação racial e violência sexual. É ganhadora dos prêmios Benedito Galvão, Prêmio Direitos Humanos da República Francesa e Prêmio Bertha Lutz.
Nilma Lino Gomes
É doutora em Antropologia Social pela USP, pós-doutora em Sociologia pela Universidade de Coimbra e em Educação pela UFSCAR. É professora titular da Faculdade de Educação da UFMG. Foi fundadora e coordenadora do Programa Ações Afirmativas na UFMG e atualmente integra a equipe de pesquisadores(as) desse programa. É coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Étnico-Raciais e Ações Afirmativas (NERA/CNPq). Foi reitora pro tempore da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Publicou vários livros sobre a questão racial, entre eles: A mulher negra que vi de perto: o processo de construção da identidade racial de professoras negras (Mazza Edições, 1995); Afirmando direitos: acesso e permanência de jovens negros na universidade (Autêntica, 2004), em parceria com Aracy Alves Martins; O negro no Brasil de hoje (Global Editora, 2006), em parceria com Kabengele Munanga; e O movimento negro educador (Vozes, 2017).
Conceição Evaristo
Maria da Conceição Evaristo de Brito nasceu em Belo Horizonte, em 1946. De origem humilde, migrou para o Rio de Janeiro na década de 1970. Graduada em Letras pela UFRJ, trabalhou como professora da rede pública de ensino da capital fluminense. É Mestre em Literatura Brasileira pela PUC do Rio de Janeiro, com a dissertação Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade (1996), e Doutora em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense. Participante ativa dos movimentos de valorização da cultura negra em nosso país, estreou na literatura em 1990, quando passou a publicar seus contos e poemas na série Cadernos Negros. Escritora versátil, cultiva a poesia, a ficção e o ensaio. Desde então, seus textos vêm angariando cada vez mais leitores. Em junho de 2018, o Brasil iniciou uma campanha em favor da escolha de uma autora para ocupar a cadeira de número sete na Academia Brasileira de Letras (ABL). Mas, não era qualquer autora. Tratava-se de Maria da Conceição Evaristo de Brito, nossa Conceição Evaristo, a mais pura representação da voz negra feminina na Literatura Brasileira. Ela perdeu a eleição para o cineasta Cacá Diegues. Porém, a escritora mineira de 71 anos, segue na sua luta pelo reconhecimento das mulheres negras como produtoras de conhecimento.
Djamila Ribeiro
Pesquisadora e mestra em Filosofia Política pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Tornou-se conhecida no país por seu ativismo na internet. Aos 18 anos se envolveu com a Casa da Cultura da Mulher Negra, uma organização não governamental santista, e passou a estudar temas relacionados a gênero e raça. Graduou-se em Filosofia pela Unifesp, em 2012, e tornou-se mestre em Filosofia Política na mesma instituição, em 2015, com ênfase em teoria feminista. Em 2005, interrompeu uma graduação em Jornalismo. Suas principais atuações são nos seguintes temas: relações raciais e de gênero e feminismo. É colunista online da Carta Capital, Blogueiras Negras e Revista Azmina e possui forte presença no ambiente digital, pois acredita que é importante apropriar a internet como uma ferramenta na militância das mulheres negras, já que, segundo Djamila, a "mídia hegemônica" costuma invisibiliazá-las.