A compulsão alimentar é um transtorno caracterizado pelo consumo excessivo de alimentos em um curto período de tempo, seguido de um sentimento de perda de controle.
A pessoa que sofre com esse distúrbio alimentar pode ter várias consequências negativas na sua saúde, pois a cada episódio, a ingestão calórica é excessiva, podendo chegar a três vezes a necessidade energética do dia. Com isso, a longo prazo poderá desenvolver obesidade e todas os problemas que estão relacionados a ela, como as doenças crônicas.
Os episódios de compulsão alimentar podem ter início a partir de dietas restritivas, pela busca de uma imagem corporal ideal. As dietas restritivas caracterizam-se pela privação de alimentação ou redução excessiva da ingestão calórica. Muitos estudos indicam que após esses períodos de privação alimentar há aumento da possibilidade de compulsão e perda de controle sobre o que e a quantidade que se está ingerindo de alimentos.
Essa sensação de falta de controle sobre a própria alimentação (privação/compulsão) traz também prejuízos para a saúde mental, pois após os períodos de compulsão a pessoa tende a ter sentimentos de nojo, de culpa por não conseguir controlar a ingestão alimentar e depressão. Então, por se tratar de um problema de saúde mental a pessoa que tem periodicamente episódios de compulsão deve ser tratado com olhar multiprofissional, sendo a ajuda psicológica fundamental para entender as causas pelas quais está suprindo suas necessidades emocionais com comida, e a partir disso, trabalhar a causa do problema.
Além do psicólogo, o acompanhamento nutricional é fundamental para auxiliar na mudança do comportamento alimentar, estabelecer estratégias de controle da compulsão, fracionamento das refeições e ajudar na escolha dos alimentos mais saudáveis para compor a rotina alimentar.
Portanto, se você se identifica com os sintomas de compulsão alimentar, possivelmente ainda mais frequente neste período de quarentena, devido a pandemia por COVID-19 aumentar a ansiedade e estresse, essas dicas para controle podem auxiliar:
1) Identificar o seu sentimento quando inicia a compulsão, e os horários mais frequentes dos episódios;
2) Diferenciar a sua fome orgânica da “fome” emocional;
3) Não fazer períodos longos sem se alimentar, respeitar o alerta de fome;
4) Reeducar sua alimentação aumentando a ingestão de alimentos ricos em fibras (frutas, vegetais, cereais integrais) que irão aumentar a saciedade deixando você sem fome por mais tempo;
5) Diminuir alimentos ricos em açúcares e gorduras (principalmente os industrializados) que irão ser digeridos rapidamente e deixarão você com fome em breve;
6) Comer devagar, mastigando bem e observando o sabor dos alimentos. Evitar esta prática em frente as telas de televisão e celulares (que irão tirar a atenção do que você está comendo);
7) Aumentar a ingestão de água, pois além de fundamental para a hidratação do corpo, a ingestão de água nos intervalos entre as refeições é uma ótima estratégia para controlar a compulsão por alimentos;
8) Praticar exercícios físicos moderados com regularidade (procurar fazer algo que goste) que além dos seus inúmeros benefícios, trazem sensação de bem estar, tranquilidade, e preenchem o tempo ocioso.
REFERÊNCIAS:
Krause, alimentos, nutrição e dietoterapia/L.Kathleen Mahan, Sylvia Escott-Stump. 12ª Edição – Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
Souto, S.; Ferro-Bucher, J. PRÁTICAS INDISCRIMINADAS DE DIETAS DE EMAGRECIMENTO E O DESENVOLVIMENTOS DE TRANSTORNOS ALIMENTARES. Rev. Nutr. Vol. 19 nº6. Campinas, nov./dec. 2006.